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Não sei …se a vida é curta ou longa demais para nós, Mas sei que nada do que vivemos Tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas (Cora Coralina)

sábado, 18 de fevereiro de 2012


As Exigências do Silêncio  - Anselm Grün
Trechos
Os perigos do falar:

O primeiro perigo é a curiosidade.

A curiosidade leva à distração. A pessoa distraída ocupa-se com todas as coisas. É vazia e superficial. O pensamento de Deus não pode permanecer nela. Nada pode nela amadurecer..

… Quando alguém não é capaz de guardar nada para si e tem a necessidade de falar a respeito de tudo, tanto do bem quanto do mal, passa a impressão de que não possui profundidade. Não consegue viver com segredos, não consegue suportá-los. Não é capaz de penetrar mais profundamente em um mistério. Destrói o mistério, porque logo quer falar a respeito dele. Quando falamos, nós queremos dar nome a tudo, fazer com que tudo se torne transmissível, e assim termos o domínio sobre tudo.

O segundo perigo do falar é o julgar os outros.

…Mesmo quando queremos falar sobre os outros positivamente, nós sempre nos surpreendemos julgando, classificando, ou então comparando-nos a eles. Com bastante freqüência, falar sobre os outros é falar sobre si mesmo, sem que disto se tome consciência…  Mas quando falo sobre os outros eu esqueço que estou falando sobre mim mesmo e sobre os meus problemas. E assim isso quase nunca me leva a me conhecer melhor, antes leva-me a rejeitar a auto-observação sincera… A um ouvinte atento, nosso falar revela qual é a nossa situação, em que é que estamos pensando, com que nos ocupamos, o que não conseguimos superar interiormente. Nossa linguagem trai aos outros as nossas emoções e desejos, nossos planos, nossas motivações, nossos problemas e complexos.

O terceiro perigo do falar é para os monges a vaidade.

Aquele que fala muito, freqüentemente coloca-se no centro. Sempre de novo ele volta a falar de si, põe-se debaixo da lâmpada para que os outros lhe dêem a devida atenção.

…Quem fala espera ser ouvido, ser levado a sério.  E com bastante freqüência ele espera ser reconhecido, ou mesmo admirado. Sem perceber, a gente torce as palavras de modo a provocar  reconhecimento.

…O quarto perigo do falar consiste em se negligenciar a vigilância interior.

                O abade Diádoco dizia: “Assim como as portas do banho quando ficam sempre abertas rapidamente deixam o calor escoar-se de dentro para fora, assim também quem muito fala, mesmo que fale de coisas boas, deixa sua lembrança fugir pelo portão da voz”

…No falar eu sempre de novo me afasto de mim mesmo e do meu centro e passo por cima das barreiras interiores que ergui para criar ordem nas minhas idéias e sentimentos.

… A experiência de que em todo o falar nós sempre de novo pecamos não deve deixar-nos oprimidos. Não devemos imaginar que estejamos sempre com a consciência pesada. Do contrário haveríamos de nos tornar escrupulosos. Antes devemos sempre unir a experiência de nossa ambigüidade no falar com a certeza de que Deus nos aceita assim como somos.  … Então a experiência da própria fraqueza leva-nos não a um medo escrupuloso da culpa, mas antes a um sentimento de liberdade interior.   …Eu não preciso identificar-me com minha imagem ideal, eu posso ser quem eu sou, porque Deus me ama assim como eu sou.

 

Silêncio não quer dizer apenas deixar de falar, mas significa também que eu desisto da possibilidade de fuga e que suporto assim como eu sou.   …Muitas vezes os primeiros momentos do silêncio nos revelam nossa confusão interior, o caos de nossos pensamentos e desejos. Um caos que nos é doloroso suportar. Defrontarmo-nos com as tensões interiores que nos angustiam. Mas nos silêncio estas tensões não podem escoar-se. No silêncio nós descobrimos qual é a nossa situação. Ficar em silêncio é como analisar nossa situação. Não podemos iludir-nos, vemos o que está acontecendo dentro de nós.

… Mas também pode ser útil que primeiro suportemos os problemas em silêncio sem logo termos que falar sobre eles. Os processos íntimos podem ser prejudicados.

… Com o falar, as emoções sempre de novo são remixadas, com o silêncio elas podem assentar-se. É como o vinho. Quando mexido, o vinho torna-se turvo, mas quando o deixamos parado e calmo ele torna-se calmo e transparente.

  Mas o silêncio também pode ser venenoso. Quando alguém acha que não tem necessidade dos outros, que é capaz de fazer tudo sozinho, então o silêncio não cura mas apenas isola.  … Os monges confiam à capacidade de discernimento distinguir quando é necessário calar-se e quando seria melhor falar.  … Primeiramente, eu fico calado, então fica mais fácil saber se vale a pena falar ao outro, e em que tom o devo fazer. … Após o silêncio minha reação passa a ser mais adequada.  …E assim a conversa pode produzir mais frutos tanto para mim quanto para o outro.

…  Como a condenação do outro nos torna cegos para nossos próprios erros, devemos calar-nos.

…  O essencial no silêncio é deixar de julgar. Isto se refere não apenas às palavras pronunciadas, mas igualmente ao nosso falar interior.

Nós estamos constantemente ocupados em comparar-nos com os outros. Para nos sairmos bem nestas comparações nós diminuímos o outro.  … Se renunciássemos a sempre classificar, julgar, ou mesmo a logo condenar os outros, isto haveria de levar-nos à tranqüilidade interior.

…  O silêncio no olhar  os outros torna possível um conhecimento mais claro de nós mesmos, permite-nos entender o mecanismo da projeção com que transferimos nossos próprios erros para os outros, com isto tornando-nos incapazes de descobri-los em nós.

O pecado dos outros é uma ocasião para refletirmos sobre os nossos próprios pecados. Renunciando a condenar e observando o silêncio, torno-me capaz de me reconhecer como pecador. Assim aconselha um patriarca: “Quando vires alguém pecar, reza ao Senhor e diz: Perdoa-me, porque eu pequei.”

Basta nos observarmos um pouco quando não estivermos ocupados, quando nossa atenção não estiver presa ao trabalho, a leitura ou a outra atividade qualquer. Em que é que pensamos nesta ocasião?… os monges recorriam a estes pensamentos para saber se não estavam presos a um dos oito vícios: gula, luxuria, cobiça, tristeza, ira, inércia (acídia), vaidade ou orgulho.

…  Por isso faz parte da prática do silêncio a luta contra os vícios, a luta contra as atitudes falhas interiores, contra as necessidades e desejos exagerados, contra a confusão das emoções não dominadas e contra a mania de sempre se colocar no centro. O silêncio é um recurso na luta contra as atitudes falhas, não é uma renúncia passiva às palavras, mas sim um ataque ativo contra emoções e agressões que sentimos em nós.

…  Só quando o silêncio leva também a um silêncio interior é que ele é proveitoso. Do contrário, pode facilmente resumir-se a uma fachada externa, ao silêncio do orgulhoso que se acha melhor do que dos outros, ou o silêncio do ofendido que remói calado a ofensa que sofreu. No silêncio, tal como os monges o entendem, trata-se sempre de uma luta interior, de um ocupar-se honestamente com suas próprias falhas.

Para Cassiano, esta condição do silêncio puro identifica-se com a pureza do coração. O pressuposto para isso é a humildade, em que não queremos alcançar coisa alguma, nem estados de recolhimento nem calma absoluta, mas em que nos abandonamos inteiramente a Deus. A humildade é uma reação à experiência de Deus e da própria fraqueza e impotência perante Deus. Em última análise, é um presente, que o homem não é capaz de conseguir com suas próprias forças. É assim também a calma e tranqüilidade, quando se calam todas as minhas falhas interiores e desejos desmedidos, todas as minhas emoções e agressões e onde eu mesmo fico mudo, só pode ser dada por Deus. Posso exercitar-me nela, lutando e combatendo em silêncio contra os meus vícios. Mas ela é sempre apenas uma meta, que nós procuramos alcançar mas que só vez por outra podemos experimentar como presente de Deus.

… Não é preciso reprimir os desejos, eles devem ser manifestados com tranqüilidade, mas sempre desapegadamente. Eu posso mentir e desejar alguma coisa, mas também não posso insistir, e sim estar pronto a desapegar-me também do desejo. … Em São Bento, humildade e respeito estão intimamente relacionados, e quase sempre ele menciona estes dois conceitos quando se ocupa com a maneira de falar a uma pessoa. No respeito eu deixo o outro ser como ele é. Não pretendo modificá-lo com minhas palavras, não desejo convencê-lo com  violência nem vencê-lo com meus argumentos, mas aceito, respeito e preservo o sentido para o seu mistério. Isto vale também para a crítica que eu deva fazer. Também ela deve ser apresentada com humildade.

… Para ele, nosso convívio com o outro não é uma questão entre duas pessoas humanas. No outro, Cristo nos vem ao encontro. E deste modo só no temor de Deus nós podemos reconhecer o outro como aquele que ele é.

…  Quando alguém fala com fé na presença de Deus, então o falar não interrompe o silêncio mas antes brota dele, não destrói o silêncio mas o divide com o outro.

 

… O silêncio como agir ativo não consiste em que deixemos de falar e de pensar, mas sim em que sempre de novo nos desapeguemos de nossos próprios pensamentos e do nosso falar. Se alguém é capaz de observar o silêncio, isto não se mostra pela quantidade de suas palavras, mas sim por sua capacidade de desapegar-se.  … Quando percebo que o que eu falei não tem sentido, e quando agradeço a Deus por ter cometido uma gafe em meus discursos, então na verdade eu me desapego de mim. Então eu não fico preso à edificante imagem que os outros deveriam fazer de mim, mas agradeço a Deus com as palavras do salmo: “Foi bom para mim ser humilhado, para aprender tuas prescrições”(salmo 119,71). Nesse caso, eu não fico a imaginar como poderia ter falado melhor e causar uma impressão mais favorável, mas desapego-me de mim e de minhas imagens ideais para entregar-me inteiramente a Deus. No silêncio, é deste desapego que se trata em última análise.

 

Quando no silêncio surgem dentro de mim idéias e sentimentos de toda espécie, eu posso ocupar-me com elas, lutar contra elas por tanto tempo até que cheguem ao repouso. Este é um método (do desapego). O outro consiste em não considerar as idéias e sentimentos como sendo tão importantes, e simplesmente deixá-las passar. … As idéias vão e vêm, elas não tomam posse de mim. Não tenho medo delas, não me considero pressionado a livrar-me delas, mas convivo com elas tranquilamente, deixo-as ir e vir, até que venham cada vez menos, até que aos poucos eu fique livre delas. …Preciso primeiro aceitá-las: este é um problema meu, estas idéias são uma parte de mim, elas mostram quem eu sou. E posso viver com elas, mesmo tendo que arrastá-las por toda a vida.  … Quando eu tenho confiança que Deus me aceita com todos os pensamentos que me torturam e me oprimem, então eu fico livre desta pressão, e então em última análise estou deixando passar estes pensamentos.

…  Mas idéias e emoções podem provocar tensões dentro de nós. Elas nos mantém ocupados. Ficamos fixados, dominados sempre pelas mesmas idéias e sentimentos. Enquanto as idéias nos mantém presos nesta tensão, nós somos incapazes de conviver produtivamente com elas. E assim temos que tentar primeiramente deixar passar a tensão que está dentro de nós.

… Mas este deixar passar só tem sentido quando com a tensão corporal deixamos passar também a tensão interior.

O segundo método começa com as causas das tensões. Ele pergunta onde se encontram os meus desejos e exigências exageradas, onde é que minhas necessidades deixam-me em estado de tensão, onde pelas preocupações estou me deixando levar a uma tensão desagradável.

…  Eu não posso desapegar-me com os dentes cerrados mas somente quando largo alguma coisa. Não posso cerrar os dentes antes tenho que abrir as mãos. Não posso não querer resolver o problema, não querer arrancar um pedaço de mim, mas tenho que desfazer-me das preocupações e exigências excessivas, deixar que me sejam tiradas. Eu me torno mais pobre quando me desapego. Tenho que desapegar-me, que entregar um pedaço de mim mesmo.

…  Temos medo de nossas fraquezas e procuramos garantir-nos contra elas por um sistema de prescrições, que observamos à risca. Ou construirmos um edifício de elevados ideais, por meio do qual pretendemos disfarçar a visão de nossos próprios abismos.   … Uma ajuda para nos libertarmos destas tensões é a confiança de que estou protegido em Deus, de que posso me deixar cair em seus braços, porque os braços que esperam por mim não são braços que castigam mas são braços que amam. Deixar-se cair nos braços de Deus tem algo a ver com o amor. … Eu renuncio a todas as conquistas espirituais, e abandono-me a Deus assim como eu sou, com todos os pensamentos que me angustiam. Agora Ele pode assumir a direção da minha vida, pode agir para o meu bem, e também pode mostrar-me o seu amor por mim.

Como se manifesta concretamente o desapegar-se de si? … Eu me desapego de mim mesmo, primeiramente, quando deixo passar minha curiosidade, quando não acho que em tudo tenho que dizer alguma coisa, que tudo eu tenha que saber.

… Nós atribuímos demasiada importância a nós mesmos, as nossas idéias e sentimentos, a nossas preocupações e problemas, e custa-nos deixar que Deus entre em contato íntimo conosco, que só Ele passe a ter importância.

…  São Bento exige em sua regra que todos os dias nós devemos pensar na morte. Devemos morrer interiormente a fim de deixarmos espaço em nós para a verdadeira vida.

… Sair da pátria significa para Cassiano renunciar a todos os bens deste mundo, libertar-se de todas as ligações com o mundo. Quem deixa o mundo já não possui mais nada, torna-se pobre. … Silêncio não significa esbanjar-se nos paramos da fantasia, mas tornar-se pobre também em pensamentos, contentar-se com poucos pensamentos para levar a pessoa ao recolhimento.

Sair da parentela é para Cassiano sair da antiga forma de vida, dos nossos costumes e vícios a que nos apegamos desde que nascemos e que se fundiram interiormente em nós, de tal maneira que são como os nossos parentes. Este sair inclui também, com a renúncia à vida passada, o renunciar aos sentimentos e os afetos do passado. Devemos separar-nos daquilo que tomou posse de nosso coração.  … O silêncio como sair da parentela significa, portanto, deixar para trás as recordações. Não devemos atribuir tão grande importância a nós próprios e nem ao nosso passado. Não devemos com a fantasia fugir da presença de Deus para o próprio passado, buscando aí sentir-nos bem.

O sair da casa paterna é interpretado por Cassiano como esquecer todas as recordações deste mundo, como renunciar ao visível e passageiro e como voltar-se para o invisível, o eterno e o futuro.

… De alguma maneira nós temos que superar o mundo, transcendê-lo, emigrar dele e caminhando deixar-nos dirigir e chamar por uma outra voz, temos que estar mortos para o mundo a fim de vivermos de Deus e para Deus. Esta atitude haveria de levar-nos à liberdade e à conformação interior, não a odiarmos ou desprezarmos o mundo, mas sim a uma amor tranqüilo para com todas as coisas e a fixar-nos em Deus em meio a nossas tarefas no mundo.

O silêncio como o desapegar-se, como o morrer e emigrar deste mundo, torna-nos interiormente livres.  …Se nos ocupássemos com as coisas e com as pessoas a partir desta liberdade, nós não haveríamos de viver constantemente sob tensão. Poderímos trabalhar com mais objetividade, porque não haveríamos constantemente de misturar nossas próprias necessidades e desejos com as coisas, e iríamos trabalhar mais, porque não haveríamos de investir uma energia desnecessária em coisas secundárias, como reconhecimento e louvor.

… Quem no seu agir e falar se desapegar de si mesmo, este experimenta dentro de si uma liberdade interior e consegue abrir-se para Deus e deixar-se levar para o serviço de Deus.

… O objetivo do silêncio é tornar-nos mais abertos para Deus, de modo que Deus possa encher nossas realizações, nosso pensar e nosso agir. O silêncio deve tornar-nos transparentes para o Espírito de Deus, de modo que Deus possa assumir a direção em nós. Não somos nós com nossa estreiteza e nosso egoísmo, que determinamos a nossa vida, mas sim o próprio Espírito de Deus, ao qual no silêncio nós nos entregamos e em quem depositamos nossa confiança.

… O silêncio é uma atitude interior em que eu me abro para a realidade do Deus que me envolve. Portanto ela é mais do que o não-falar.

O silêncio está a serviço do escutar a palavra de Deus e do orar.

Não posso me dar ao luxo do silêncio quando nele quero desfrutar de mim mesmo, quando apenas desejo o meu descanso. Aos muitos que esperam por uma palavra, eu só posso negá-la quando realmente estou ocupado com o meu silêncio, quando o silêncio não é um passivo não-fazer-nada mas sim um ativo escutar, um dirigir ao deserto, ao espaço de Deus, quando procuro escutar o que Deus quer me dizer no silêncio, quando me envolvo na aventura que me aguarda num honesto silêncio diante de Deus.

 … Quando nos desligamos de todas as nossas imagens, e mergulhamos no fundamento mais íntimo de nós mesmos livres de toda e qualquer imagem, então somos um com Deus.

Em cada um de nós existe um lugarzinho onde o silêncio é completo, um lugar livre do ruído doas pensamentos, livre das preocupações e desejo. É um lugar em que nós mesmos nos encontramos inteiramente em nós. … Não temos necessidade de criá-lo,ele já existe, apenas está obstruído por nossos pensamentos e preocupações. Quando desobstruímos em nós este lugar do silêncio, poderemos encontrar Deus assim como Ele é.

 


A hora mais escura da noite é justamente aquela que nos permite ver melhor as estrelas (C. Beard)

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Solidão

" O ser humano não morre quando seu coração deixa de pulsar, mas quando, de alguma forma, deixa de se sentir importante."

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Estamos com fome de amor



Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que disserem, o mal do século é a solidão". Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.

Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas. E saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.

Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida?

Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçados, sabe, essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega.

Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção. Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.

Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos Orkut, o número que comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!".

Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.

Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa. Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.

Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta.

Mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois.

Quem disse que ser adulto é ser ranzinza? Um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".

Antes idiota que infeliz!
Arnaldo Jabor

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Meus amigos

Reconozco que, en el amor de mis amigos íntimos, me arrojo sin miedo, especialmente cuando me veo agobiado por los escándalos del mundo. Tengo la sensación de que en ellos está presente Dios , en cuyos brazos me arrojo sin temor, y en quien hallo reposo seguro" San Agustín

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Ostra Feliz não faz Pérola _ Rubem Alves



 "…eles não se entregaram ao pessimismo porque foram capazes de transformar a tragédia em beleza. A beleza não elimina a tragédia, mas a torna suportável. A felicidade é um dom que deve ser simplesmente gozado. Ela se basta. Mas ela não cria. Não produz pérolas. São os que sofrem que produzem a beleza, para parar de sofrer."